Estudo do SPC
Brasil e do Portal Meu Bolso Feliz, divulgado hoje, mostra que em cada dez
brasileiros apenas dois são consumidores conscientes. Outro dado importante
apontado na pesquisa é que a participação dos jovens, com idade até 29 anos, é
menor do que a média geral
Numa escala de 1 a
10, os entrevistados dão nota média de 8,8 para a importância do tema consumo
consciente. O estudo divide os consumidores em três categorias: conscientes - que apresentam frequência de atitudes corretas acima de 80% - em transição, cuja frequência varia entre 60% e 80% de atitudes adequadas e nada ou pouco conscientes, quando a incidência de comportamentos apropriados
não atinge 60%. Na média, o brasileiro é um consumidor em
transição.
As
perguntas feitas aos consumidores englobam as dimensões que compõem o
conceito de consumo consciente: ambientais, financeiras e sociais. Para as
ações relacionadas à responsabilidade ambiental do consumidor, o indicador
atingiu 71,7% de atitudes adequadas, enquanto as práticas financeiras e de
engajamento social, foram 68,0% e 68,1% de ações corretas, respectivamente.
"O
objetivo do Indicador de Consumo Consciente é acompanhar as mudanças nos
hábitos de compra e outras ações cotidianas dos brasileiros a fim de
compreender se estamos caminhando em direção a uma sociedade capaz de promover
e estimular práticas mais equilibradas nas relações de consumo", afirma a
economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Metade ignora
a idoneidade das empresas
A
atitude ambiental adequada mais seguida pelos consumidores é a possiblidade de
reutilização ou troca: 83,5% garantem que antes de jogar fora um produto que
não querem mais, procuram doá-lo ou trocá-lo.
Já
entre as ações menos adotadas, do ponto de vista da sustentabilidade, está a
reciclagem do lixo: apenas um pouco mais que a metade (53,2%) dos consumidores
ouvidos separa o lixo doméstico para a coleta seletiva. Também é
significativamente menor a parcela dos que atentam para aspectos que envolvem a
idoneidade da empresa: cinco em cada dez (50,7%) brasileiros disseram analisar
as práticas adotadas pela empresa em relação ao meio ambiente ou à sociedade
antes de fazer uma compra.
Uso
racional da água e energia
Em
média, 74% dos entrevistados realizam as atividades consideradas adequadas para
o uso racional da água, sendo que a ação mais difundida é a de fechar a
torneira enquanto escova os dentes (90,4%). Outra ação comum é a de não lavar a
casa ou a calçada com mangueira (88,3%). No entanto, o desempenho é pior no
momento do banho e na hora de lavar roupas: 68,0% dizem fechar a torneira
enquanto ensaboam o corpo e apenas 37,6% afirmam usar a máquina de lavar na
capacidade máxima.
Em
relação ao uso da energia elétrica, em média, 76% dos entrevistados colocam em
prática as ações consideradas adequadas. O hábito mais comum é o de apagar as
luzes de ambientes que não estão sendo utilizados (97,1%). Já os comportamentos
menos adotados são o de compartilhar o uso da TV entre os moradores da casa
para economizar energia (60,6%) e o de retirar das tomadas os aparelhos
elétricos quando não são utilizados (51,9%).
Brasileiros
não recusam produtos piratas
Pouco
mais da metade dos entrevistados (50,6%) alegaram não comprar produtos piratas,
ou seja, quase metade dos brasileiros compra produtos piratas.
Jovens pouco
conscientes
O
percentual de atitudes corretas, que é de 69,3% para a população em geral, sobe
para 74,2% entre os entrevistados com idade acima dos 56 anos e cai para 64,5%
entre o universo de consumidores com idade que vai de 18 a 29 anos.
Pior. A
maior concentração de entrevistados na categoria dos 'nada ou pouco
conscientes', está na faixa de 18 a 29 anos: 46,3% contra 31,2% do total da
população.
A importância da questão financeira
Quando indagados sobre as
vantagens de adotar atitudes responsáveis em relação ao consumo, a questão
financeira ganha importância. A maior parte destaca o fato de economizar
(35,5%), seguido por outras respostas mais ligadas ao bem comum como a sensação
pessoal de dever cumprido com a sociedade (30,1%) e a satisfação ao praticar algo
positivo para o futuro (18,6%). O
cuidado com a preservação do meio ambiente foi citado por apenas 5,8% dos entrevistados.
"Apesar dos
consumidores reconhecerem a importância do consumo responsável, a maioria não
vê as práticas sustentáveis de consumo como prioridade em seu dia a dia, e
ainda predomina a percepção de que os aspectos financeiros são mais
importantes, ficando em segundo plano as implicações ambientais e
sociais", afirma o educador financeiro do portal 'Meu Bolso Feliz', José
Vignoli.
Falta de tempo para
atitudes conscientes
Parece ironia, mas muitos responderam
que não agem de modo consciente por falta de tempo (26,5%), principalmente
entre os homens (30,3%) e os mais jovens (36,7%). Logo depois vem a distração
ou esquecimento (25,4%), que também é mais frequente entre a parcela masculina
de entrevistados (29,9%) e pessoas mais jovens (34%).
Metodologia
O indicador de Consumo
Consciente (ICC) calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) tem
como objetivo medir os conhecimentos e níveis de práticas de consumo consciente
pelo brasileiro em três esferas: financeira, ambiental e social. Para isso,
foram entrevistados 605 consumidores nas 27 capitais, de ambos os sexos e de
todas as classes sociais. A margem de erro é de no máximo 4,00 pp com margem de
confiança de 95%.