O presidente do museu TAM - Asas de
um Sonho, João Amaro, confirma que a suspensão das atividades é
temporária e que será acompanhada de um plano de modernização e implementação
de novas tecnologias e mudanças de local, o que acontecerá em até cinco anos
“O recesso
do museu já estava anteriormente previsto, tendo em vista os nossos planos de
mudança estrutural. Quis o destino que uma conjuntura de receita em queda e
custos em alta em todo o setor aéreo precipitasse a suspensão das atividades do
museu e a discussão estratégica sobre sua modernização e sua mudança de local”,
afirma Amaro.
Leia a seguir a integra da carta do presidente do museu TAM - Asas de um Sonho enviada a autoridades, amigos e colaboradores do museu.
Leia a seguir a integra da carta do presidente do museu TAM - Asas de um Sonho enviada a autoridades, amigos e colaboradores do museu.
Meus
amigos:
O nosso
sonho foi interrompido, mas não acabou! Trata-se de uma pausa para elaboração
de um projeto mais amplo, de modernização, adaptação a novas tecnologias,
abertura a parcerias e o ressurgimento em um novo local.
O museu
TAM – ASAS DE UM SONHO, Estrela da América Latina, como disse o amigo
José Pardo, diretor do Museu Fenix da Colômbia, permanecerá em nossas
lembranças, na época do seu funcionamento em São Carlos. Mas, agora, faremos
com que ele renasça unicamente como o museu Asas de um Sonho, contando com o
apoio da TAM e o patrocínio de outras companhias do setor aéreo e empresas dos
mais variados segmentos.
O
recesso do museu já estava anteriormente previsto, tendo em vista os nossos
planos de mudança estrutural. Quis o destino que uma conjuntura de receita em
queda e custos em alta em todo o setor aéreo precipitasse a suspensão das
atividades do museu e a discussão estratégica sobre sua modernização e sua
mudança de local.
Este
período de materialização do nosso sonho foi e será para sempre uma grata experiência
e uma doce lembrança para todos nós. Vi muitas vezes no seu interior velhos
pilotos chorando de emoção e animados casais dançando as alegres músicas que
ali eram tocadas, herança honrosa que tive, quando crescia ouvindo meu pai tocá-las
em seu acordeon.
E o que
dizer das crianças, estudantes, amantes da aviação, curiosos e pessoas comuns,
que, ao primeiro contato com o museu, ficavam estarrecidas ante a tamanha
surpresa em encontrar ali, ao toque de suas mãos, o mundo mágico da aviação em
tão valioso e impecável acervo, restaurado nos seus mínimos detalhes por
verdadeiros artesãos, um misto de relojoeiros, mecânicos, pintores, marceneiros
e ferreiros, que conosco compartilhavam inúmeras alegrias, e que por ora se
interrompem.
Nunca,
jamais registramos nenhuma manifestação sequer de contrariedade ou desacordo
com o acervo ou a sua própria museografia. Ao contrário, foram milhares de
manifestações de elogios, e centenas delas oriundas do exterior. Às vezes, no
silêncio do museu, não acreditava que pudemos montar tão significativo
instituto de preservação.
Já há
tempo, contudo, achava que seria necessária a repaginação de todo o projeto,
incluindo a parte arquitetônica, uma atualização tecnológica que permitiria
instalar modernos simuladores de voo, a maior integração com a internet tendo
em vista a importância da democratização do museu através da rede e uma
definição das fontes de custeio.
Em um
ambiente de recessão nossa companhia aérea não podia manter o patrocínio nos
mesmos termos anteriores. E nem poderia ser de outro modo, porque tirar
dinheiro do seu caixa para subsidiar o museu seria mesmo uma afronta aos seus
credores e/ou acionistas!
O museu
é o décimo do país em importância segundo o TripAdvisor, e todos nós sabemos
que a maioria esmagadora dos mais importantes museus do mundo somente sobrevive
através de doações, sejam particulares, de empresas ou do governo. Nós tivemos,
sim, auxílio do Governo Federal através destes programas de fomento à cultura
para a sua montagem inicial, para sua subsistência e por ele agradecemos.
Contudo, tempos depois nós não conseguimos mais captar estes recursos de renúncia
fiscal do governo federal, mais conhecido como Lei Rouanet.
A
exemplo do meu irmão, que já não está mais entre nós há quase 15 anos, nunca
suportei ver uma aeronave abandonada e para mim, que desde o início dos anos 90
corro atrás delas para devolver-lhe a sua dignidade e exibi-las no museu,
suportar este momento de paralisação é extremamente difícil.
No
entanto, o nosso museu renascerá mais forte, com uma nova localização e
totalmente modernizado. "Infelizmente, a nossa cidade ficou pequena
para o museu", como disse o amigo e prefeito de São Carlos, Paulo
Otomano.
A sua
transferência é um grande desafio, um trabalho enorme e dispendioso, uma
operação de logística gigantesca prevista para até cinco anos. Nesse ínterim, o
museu ficará fechado com suas aeronaves protegidas, e seus motores inibidos no
mesmo local onde se encontram.
Juntos
com nossos inúmeros mecenas que com suas ações aumentaram significativamente o
nosso acervo (aeronaves, planadores, uma quantidade enorme de documentos,
manuais de aeronaves, revistas e objetos e que ainda não estão expostos)
reafirmamos a nossa confiança no sucesso do projeto.
Agradecemos
aos amigos que participaram das atividades do museu; a todos aqueles que nos
honraram com suas manifestações de carinho e especialmente aos nossos
colaboradores que ao longo do tempo se transformaram em uma grande família.
Tenho certeza que brevemente estaremos convocando-os a retornarem às suas
antigas funções.
Com a
força dos mesmos amigos que nos ajudaram a montar o museu há mais de 10 anos e
com outros que se juntarão a este grupo, reabriremos o museu na grande São
Paulo, que é a cidade da sua verdadeira vocação.
São Paulo, 2 de fevereiro de 2016
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