terça-feira, 12 de abril de 2016

Brasil perde posição no ranking da beleza

O setor brasileiro de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos fechou 2015 com queda real de 8%. O país, que há anos ocupava o terceiro lugar no ranking mundial de consumo, caiu para quarto, atrás de EUA, China e Japão

“Esse desempenho, já esperado, está diretamente associado às medidas consecutivas de aumento de taxas e tributos, a pretexto do aumento de recursos aos cofres públicos. Seu resultado final derrubou as vendas do setor e reduziu as curvas de arrecadação, num efeito contrário ao pretendido pelos governantes” afirma João Carlos Basilio, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC).

A desvalorização cambial também contribui para o resultado negativo do setor, que fechou o ano perdendo posições de liderança em importantes categorias essenciais para a saúde do consumidor, a exemplo do protetor solar e de desodorantes (passando do 1° lugar para o 2 ° lugar).

“A categoria de produtos para banho, que tinha bom desempenho no Brasil, figurando em segundo lugar no mercado mundial, caiu para quarto lugar em 2015. E podemos avaliar que o agravamento da crise hídrica e da crise econômica contribuiu para a mudança dos hábitos de consumo e de higiene pessoal do brasileiro que, consequentemente, reduziu o tempo e a quantidade de banhos, por exemplo”, complementa Basilio.

Oportunidades de emprego
O cenário desfavorável também impactou a geração de emprego no setor, apesar da estabilidade mantida no primeiro semestre de 2015. Com a queda no faturamento registrou-se uma redução no emprego direto a partir de junho, fechando o ano com queda de - 3,3%.

Perspectivas
Itens essenciais para manutenção da saúde e bem-estar do consumidor sofreram com o aumento da carga tributária em 2015 e neste início de 2016, em boa parte dos estados brasileiros. “No Paraná, por exemplo, houve um aumento na carga tributária de 108% para protetor solar. Em Minas Gerais, de 125% para creme dental e de 50% para itens básicos como sabonete e papel higiênico. Estes abruptos aumentos irão impactar negativamente o resultado do setor de HPPC este ano”, comenta o executivo.

A ABIHPEC acredita que um dos caminhos para que o setor possa voltar a ganhar fôlego, competitividade e mercado, é o investimento em inovação. “Em 2016 o momento é de agir e buscar a inovação de forma ampla, com foco em gestão, logística, serviços, comunicação e até mesmo na comercialização de seus produtos. Rever as estratégias e o trabalho em equipe é fundamental para manter a vitalidade e a força das empresas frente ao mercado, especialmente neste momento delicado da economia brasileira”, destaca.

Com a passagem do período mais crítico da crise hídrica, o setor acredita que os hábitos de consumo, em especial os relacionados ao banho, voltem ao normal e estes produtos retomem a conhecida boa performance.
  
Questão de saúde pública
“A alta carga tributária prejudica o mercado e incentiva a informalidade da indústria, especialmente em produtos de alto valor agregado”, disse Basilio. Somado a este fator, a redução da renda do consumidor e do poder de compra também é preocupante, uma vez que pode aumentar a procura por artigos pirateados e contrabandeados. “É de extrema importância que a população não utilize produtos irregulares. O setor, regulado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entrega itens essenciais para a manutenção da saúde e bem-estar, por isso o alerta é para que, em cenários como este, o consumidor não utilize artigos que podem ser prejudiciais à sua saúde”, finaliza Basilio.

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