Por
Conceição Trucom*
Aposto que você também achou que o sal só fazia mal para sua saúde. Certo? Não é bem assim. A cientista Conceição Trucom explica que o "bom" sal é necessário para todos nós. Leia no artigo abaixo.
Contrariando uma corrente que indica
abolir o sal da alimentação, levando em conta apenas os malefícios do produto industrializado,
a cientista Conceição Trucom destaca o quanto o sal é
importante na alimentação humana, pois garante a manutenção da saúde do sistema
locomotor e neurológico.
O
sal, na verdade os sais, presentes no leite materno e nos alimentos de origem
vegetal e no sal marinho (líquido amniótico da terra), pela sua abundância de
minerais, entre eles os sais de sódio, é responsável inicialmente por garantir
o desenvolvimento de uma boa estrutura óssea e muscular. Portanto, o sal para
alimentação humana deve ser de origem marinha, mas fresco e o mais integral
possível, ou seja, polimineral.
Sais
de rocha – sais milenares – apesar de sua origem marinha, passaram por muitas
lixiviações (chuvas e degelos) e por contaminações com os solos onde estiveram
em sedimentação e compactação ao longo dos séculos.
Todo
sal – cloreto de sódio – é oriundo do mar, portanto marinho. Pode ser fresco,
ou seja, recém produzido em salinas e tanques especiais de evaporação, e pode
ser de rocha, secular ou milenar, compactado em mantos, ao longo das mudanças
climáticas e geológicas do planeta.
O
sal marinho refinado, também conhecido como sal de mesa, é um produto
‘refinado’, portanto concentrado em NaCl e pobre dos outros minerais, como se
espera de um sal integral, também conhecido como artesanal; este sim adequado
ao consumo humano.
No
Brasil 92% do sal refinado é utilizado para atender as demandas de produção das
indústrias química, farmacêutica, alimentícia (junk food) e agropecuária e apenas
8% é destinado ao consumo humano, aquele que consumimos em casa, portanto o
foco comercial é a indústria. Com um
mercado de 8% da produção nacional, praticamente não existe interesse
comercial, em produzir e comercializar o sal integral ideal para consumo humano,
que certamente precisa ter um custo diferenciado já que artesanal. Investir em
conscientizar e produzir para um mercado de 8% não teve, até agora, maiores
interessados.
Na
verdade, pessoas de todas as idades deveriam consumir um sal integral de
qualidade especial para consumo humano. As crianças em amamentação exclusiva
não precisam porque suas necessidades minerais já se encontram presentes no
leite humano (mães
que amamentam atenção ao sal que consomem). Porém, uma vez
que saem da amamentação exclusiva, os bebês já precisam começar com pequenas
doses, já que ao serem submetidas a uma alimentação mais baseada em plantas,
mais ricas em minerais, suas necessidades de consumo de sal será baixa. Como o sal
integral é fundamental para o desenvolvimento e manutenção da saúde do sistema
locomotor e neurológico, todas as crianças, adolescentes, adultos, incluindo os
da terceira idade, precisam atentar sobre a escolha de um sal integral para seu
consumo diário. Lembrando
de que não se trata de quantidade, mas de qualidade e frequência.
Existem casos de hipertensão
– cerca de 10% da população brasileira - que realmente apresentam quadros
piorados pelo consumo excessivo do sódio. Mas trata-se de um protocolo que
envolve outras condutas que vão além da restrição do sódio, como por exemplo,
revisão dos hábitos alimentares, priorizando uma alimentação mais baseada em
plantas, menos industrializados, refinados e proteínas de origem animal.
Contudo, para 90% dos diagnosticados como hipertensos, a restrição do sódio não
altera o quadro. O que se deve fazer é recomendar o consumo de um sal de
qualidade, mais integral, polimineral e de produção artesanal, isento de
refinos (como a elevada concentração de NaCl que é o caso dos ditos sais de
mesa) e aditivações como branqueadores, antiumectantes, entre outros.
Precisamos
da interferência dos governantes com subsídios aos sais para consumo humano e
assim termos uma produção diferenciada daquela que atende mais de 90% da
produção nacional, ou seja, aquela que atende às indústrias químicas,
farmacêuticas, alimentícia e agropecuária, com qualidades bastante distintas das
que se demanda para o consumo humano.
Vale
destacar que nos países onde não existem condições necessárias para a produção
do sal fresco, artesanal e integral - que precisa de águas oceânicas limpas, dias
seguidos de elevadas temperaturas e ventos para a rápida evaporação e obtenção
do sal -, esta consciência sobre o sal adequado para alimentação humana já está
instalada há mais de 50 anos. Neles, o sal de rocha para consumo humano entrou
em declínio e ganhou importância o consumo de sais integrais e artesanais.
A Anvisa obriga que no sal seja adicionado iodo.
É uma decisão mundial de suplementar iodo para a população por meio de um
‘alimento’ de consumo diário. Contudo, essa história tem muitos vieses, porque
existe uma crise do iodo no mundo, quando temos solos e alimentos pobres deste
elemento, e riqueza de agentes poluidores contendo seus tóxicos halogênios (da
mesma família na tabela periódica): flúor, cloro, bromo e astatínio. Portanto,
há excesso de imitadores tóxicos do iodo, e insuficiente suprimento de iodo para
o organismo humano, que cumpre imprescindível papel para a saúde mental e
metabólica. Desta forma, existe uma crise do iodo, uma deficiência subclínica
de iodo, com problemas por eclodir de bócio, cretinismo, câncer de pele e de mama,
entre outros.
O iodo é fundamental para o pleno
funcionamento de glândulas (entre elas a tireoide e as mamárias) e do sistema
cutâneo, aliás, é bem longa a lista de importância do iodo para a saúde humana.
Com a chegada dos agentes antichamas (percloratos), dos aditivos da panificação
(bromatos), leis que obrigam a fluoretação das águas de abastecimento das
cidades, e os acidentes nucleares liberando iodo radioativo (hiper tóxico) no
ar, terra e águas; é de responsabilidade pública alertar, realizar mais estudos
e criar mais condições da população ter acesso a fontes seguras de suprimento
de iodo. E isso vai muito além da suplementação do sal para consumo alimentar.
Sal
da Vida
Convido
todos a conhecerem o meu livro Sal da Vida, que fala de muitos dos vários
aspectos que envolvem o consumo deste super alimento que é o sal, mas que no
Brasil, 50 anos atrasado, existe absoluta displicência sobre o sal ideal para
consumo humano.
*Conceição Trucom
Bacharel em Química pela UFRJ,
atuou por 24 anos na área científica, em projetos nas áreas de química
orgânica, inorgânica e bioquímica. Empresária, atuou como Diretora de P&D
da Bentonita Vulgel Ltda e da Chemetch Consultoria Ltda. Busca, desde 1995,
ensinamentos e práticas que tragam mais consciência e qualidade de vida. Nesse
processo, especializou-se nas seguintes áreas: alimentação e medicina
ayurvédica, medicina tradicional chinesa, macrobiótica, vegetarianismo e
veganismo, alimentação viva e crudívora, fitoterapia, aromaterapia, meditação e
estudos da mente.
Ministra palestras, cursos,
workshops e participa de eventos e programas relacionados à saúde e alimentação
saudável em todo o Brasil, sempre desenvolvendo trabalhos com foco na
alimentação consciente, desintoxicante e vegetariana, previlegiando alimentos de
curta distância (locavorismo), instrumentos básicos para garantir saúde,
produtividade, qualidade de seres vivos, meio ambiente e planeta. É a criadora
do Portal Doce Limão - www.docelimao.com.br | @conceicaotrucom