O câncer de mama é o tipo de tumor mais comum entre as mulheres. Por isso, no início da década de 1990, a campanha “Outubro Rosa” foi criada para conscientizar esse público sobre a doença, visando o diagnóstico precoce, o que garante um tratamento menos agressivo e chances de sucesso maiores. Recentemente, outro tema que passou a ser debatido durante a campanha é a questão da preservação da fertilidade através do congelamento de óvulos em mulheres com câncer mamário que ainda desejam em gravidar
“Isso porque uma das maiores complicações das terapias para tratamento do câncer, como a quimio e a radioterapia, é a perda da função das gônadas, como os ovários, o que, consequentemente, causa infertilidade, seja ela permanente ou temporária. E, apesar de não ser um fator prioritário durante o tratamento oncológico, a fertilidade pode se tornar uma questão importante para a mulher, principalmente para aquelas que ainda não possuem filhos”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo.
Segundo o especialista, o grande problema é que é muito difícil prever quais as chances de a mulher sofrer com infertilidade após a cura da doença. É justamente por isso que conscientizar as mulheres sobre o papel da criopreservação dos óvulos na manutenção da fertilidade é tão importante, pois essa é a técnica padrão ouro para garantir que pacientes que correm risco de lesão dos ovários possam engravidar futuramente. “A criopreservação é uma técnica que consiste na conservação dos óvulos em nitrogênio líquido. Na temperatura de -196ºC, essas células mantêm seu metabolismo completamente inativado, mas preservando seu potencial e viabilidade, o que permite que sejam utilizadas posteriormente para a fertilização”, explica o médico.
No entanto, para que
os óvulos ou embriões sejam coletados para serem congelados, é necessário um
período de estimulação farmacológica dos ovários, em média, de 10 a 15 dias. "Assim quando a mulher é rapidamente encaminhada a um centro
de reprodução humana, a criopreservação dos óvulos não retarda
significativamente o início do tratamento do câncer”, afirma o especialista em
reprodução humana.
E o melhor é que o
congelamento de óvulos possui grandes taxas de sucesso. “Taxas de
descongelamento de óvulos e de fertilização bem sucedida de 75% são esperadas
em mulheres de até 38 anos de idade. Dessa forma, para 10 óvulos congelados,
espera-se que sete sobrevivam ao degelo e cinco ou seis fertilizem e se tornem
embriões".
Além disso, a criopreservação é um procedimento muito seguro, tanto para a mãe,
quanto para o bebê. “O maior estudo publicado sobre o assunto, com mais de 900
bebês de óvulos congelados, não mostrou aumento na taxa de defeitos congênitos
quando comparado à população em geral. Além disso, os resultados de um estudo
não mostraram taxas aumentadas de defeitos cromossômicos entre embriões derivados
de óvulos congelados em comparação com embriões derivados de óvulos fresco”, enfatiza.
Por fim, o Dr.
Rodrigo da Rosa Filho ressalta que, ao ser diagnosticada com câncer de mana, o
mais importante é que a mulher converse com seu ginecologista e oncologista
para receber os direcionamentos adequados para preservar sua fertilidade sem
prejudicar o tratamento oncológico ou colocar sua saúde em risco.
Dr. Rodrigo Rosa
Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e
sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. Membro
da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade
Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola
Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM).
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