Silvia Scigliano, professora do curso de Consultoria de Imagem e Coolhunting no Istituto Europeo di Design São Paulo, analisa como a adaptação às particularidades culturais e regionais são essenciais para o sucesso de marcas globais como H&M no Brasil
Para se estabelecer no Brasil, marcas globais precisam mais do que oferecer moda acessível — é essencial entender as particularidades regionais e culturais do país. No cenário atual, a chegada da H&M ao Brasil levanta discussões sobre os desafios e oportunidades que o mercado brasileiro oferece.
Com abertura de sua primeira loja no Brasil, prevista para 2025, no Shopping Iguatemi, a H&M busca conquistar o público local. A marca sueca, que fechou 2023 com uma receita global de aproximadamente 223 bilhões de coroas suecas (cerca de R$ 100 bilhões), é conhecida por seu modelo de fast fashion, além de coleções exclusivas e colaborações com grandes nomes da moda. No entanto, a H&M precisará se adaptar ao mercado brasileiro, ajustando seu portfólio e suas campanhas para atender às particularidades culturais e regionais do país, onde o setor de moda movimenta cerca de R$ 230 bilhões anualmente, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT).
De acordo com Silvia Scigliano, o sucesso de uma marca no Brasil está diretamente ligado a uma estratégia bem fundamentada de pesquisa local. “É fundamental estudar detalhadamente as diferenças culturais e de consumo, ajustando as ofertas para datas importantes, como carnaval e réveillon, e explorando hábitos regionais,” explica Silvia.
A diversidade também é um ponto crucial. O Brasil tem mais de 211 milhões de habitantes, e sua pluralidade cultural é um fator determinante para o sucesso de qualquer marca. "É essencial trabalhar com a inclusão de diferentes tipos de corpos em campanhas, algo fundamental para o sucesso no Brasil," acrescenta a especialista. O estudo do Sebrae de 2022 apontou que 67% dos consumidores brasileiros valorizam marcas que representem a diversidade.
A abordagem digital também é estratégica. Com mais de 180 milhões de usuários de internet no Brasil, uma forte presença nas redes sociais é uma vantagem competitiva importante. A H&M, que já possui uma presença digital robusta globalmente, poderá explorar esse recurso para criar uma conexão mais profunda com os consumidores brasileiros.
Quando o assunto é sustentabilidade, o público brasileiro está cada vez mais consciente. Uma pesquisa da Global Fashion Agenda revelou que 61% dos consumidores brasileiros estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis. "As marcas precisam investir em práticas mais responsáveis, como a economia circular, o que já é uma tendência global," afirma Silvia. A H&M, que vem sendo pressionada a adotar práticas mais sustentáveis, deve seguir essa tendência no Brasil, oferecendo programas de reciclagem de roupas e coleções com materiais ecológicos, como já faz em outros mercados.
A experiência de marcas globais no Brasil mostra que entender as nuances culturais e adaptar estratégias de marketing e produto são passos fundamentais para o sucesso no mercado brasileiro. A H&M, com seu forte apelo global e compromisso crescente com práticas sustentáveis, terá o desafio de equilibrar seu modelo de fast fashion com as demandas de um consumidor brasileiro cada vez mais atento à responsabilidade social e ambiental. Ao adaptar suas estratégias ao contexto local e investir em iniciativas que dialoguem com a pluralidade do país, a marca tem potencial para se consolidar como uma das favoritas entre os brasileiros.
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